O movimento pode reduzir pela metade a participação do Softbank no ecommerce chinês. O grupo levantou liquidez por meio de prepaid forward contracts – um tipo de derivativo que permite levantar recursos ‘upfront’ em troca do compromisso de entregar as ações numa data futura a um preço predeterminado.
Nos últimos meses, o Softbank fez a venda a termo de 213 milhões de ações do Alibaba em operações estruturadas pela Goldman Sachs, Mizuho e UBS.
Na maioria dos casos, a entrega dessas ações só acontecerá em dois anos e, até a data do vencimento, o Softbank manterá todos os direitos de voto sobre essas ações, bem como seu assento no conselho do Alibaba.
Pelos termos do contrato, o grupo japonês tem a opção de liquidar a operação em dinheiro ou ações, o que ainda abre a possibilidade do Softbank continuar com a participação dependendo de suas condições financeiras futuras.
Alguns desses contratos também estipulam preços máximos e mínimos das ações do Alibaba para liquidar a transação.
O Softbank disse que o movimento permitiu levantar capital agora, ao mesmo tempo em que o protege da queda das ações – o que pode ter ajudado o grupo, dado que o Alibaba acumula queda de 52% nos últimos doze meses.
Mas a potencial venda é um marco para a empresa. Masa construiu boa parte de sua fortuna com o investimento de US$ 20 milhões que fez no Alibaba 20 anos atrás — e que gerou o maior retorno da história do Softbank.
“Em dado momento, o Alibaba fez de Jack Ma o homem mais rico da China e de Masa o mais rico do Japão. Foi ele que permitiu todas as aventuras de investimentos subsequentes [que o Softbank fez],” o analista de uma consultoria chinesa disse ao Financial Times. “Se ele está vendendo agora, isso mostra seu mindset em relação à China e toda a pressão pela qual ele está passando.”
A venda a termo acontece num momento em que o Softbank tem tido dificuldades para levantar capital novo em meio ao selloff generalizado do mercado de tech.
A venda também parece ser um esforço do Softbank para diversificar seus investimentos. Em 2020, o Alibaba representava 60% do portfólio; hoje, essa fatia já caiu para 23%.
Esta não é a primeira venda a termo de Alibaba que o Softbank faz. De 2020 até agora, o grupo levantou mais de US$ 30 bi com essas vendas a termo (US$ 22 bi agora) – e boa parte desse dinheiro foi injetado no Vision Fund II, que não teve muito sucesso para atrair dinheiro externo.
O Vision II já investiu US$ 48 bilhões em 250 companhias. No total, o portfólio do Softbank conta com 478 empresas.
Há um mês, um acionista do Softbank perguntou a Masa se ele achava que algum dos investimentos do grupo ia conseguir superar o Alibaba em retorno nos próximos anos.
“Talvez um ou dois. Se tudo der certo, três,” respondeu Masa. “Mas um ou dois, se eles se tornarem um sucesso enorme, vão nos dar um retorno que compensa todo o resto.”
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